segunda-feira, 22 de abril de 2013

Gostava de ter sido eu a escrever



Assumidamente roubado ao Portugal contemporâneo neste post aqui


O Zé não é empreendedor

Um dos argumentos comuns para justificar a estagnação económica do país nos últimos 10 anos é a de falta de sentido empreendedor. Os empresários, diz-se, são mal-preparados e fazem os possíveis para fugir aos impostos. Por outro lado, fala-se numa falta de sentido empreendedor da “geração mais bem preparada de sempre”.

Para percebermos um pouco o motivo desta falta de sentido empreendedor, imaginemos o caso do Zé, um jovem engenheiro informático saído da universidade. O Zé desenvolveu um hardware especial adaptado a empresas que fazem apps. Acabado o curso, decidiu começar a comercializar o produto. O negócio começa bem e o Zé já encontrou um cliente disposto a pagar a pagar 3000 euros por mês para comprar uma unidade desse hardware. Nada mau para uma start-up, pensa ele. Precisando de ajuda, ele fala com um dos seus colegas de curso que se dispõe a fazê-lo desde que receba 1000€ líquidos por mês (12 mil € por ano). O Zé tem, portanto, um modelo de negócio que não só irá criar 36000€ de valor acrescentado (PIB) anualmente, como gerará um emprego. Se a coisa correr bem, dentro de alguns anos, a empresa poderá criar muito mais valor e empregar muito mais pessoal qualificado. Criação de riqueza e emprego, precisamente o que a economia portuguesa mais precisa.

O Zé começa então a fazer as contas. O cliente da Zé, Lda avalia o produto em 3000€, mas a empresa apenas receberá 2400€, já que 600€ irão para pagar o IVA. O Zé descobre também que, para que o seu colega de curso receba 12 mil euros por ano, a Zé Lda terá que gastar nada menos do que 20.076€ (1673€ por mês) para cobrir a retenção de IRS, a TSU do empregado e a TSU do empregador.

Eliminados estes custos, o lucro começa a parecer bastante diminuto, mas o Zé ainda é obrigado a pagar IRC sobre esses lucros. Finalmente o Zé, para gozar dos lucros da empresa que montou, ainda tem que pagar IRS sobre os dividendos.



Feitas as contas, o Zé receberá cerca de 401€, menos do que um salário mínimo. Dos 3000 mil euros de valor acrescentado, o estado absorverá 1599€. Isto sem contar com impostos de selo, taxas diversas e as multas da ASAE por a sua garagem não ter condições para empregar o amigo.



O Zé precisaria de aumentar a escala da empresa para 3 empregados e 3 produtos vendidos por mês para poder receber 1200€. Mas isso seria demasiado ambicioso para uma start-up. Dizem ao Zé que há empresas grandes que pagam bastante menos impostos recorrendo a truques contabilísticos, mas o Zé não tem grandes condições para contratar contabilistas.
O Zé desiste da ideia e vai trabalhar para um Call Center. Dez anos mais tarde ouve falar da história de um milionário Irlandês que desenvolveu um produto muito semelhante ao do Zé e agora o vende para todo o Mundo. No Prós e Contras dessa semana discute-se a falta de sentido empreendedor dos jovens licenciados.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Talento nato


Isabel dos Santos: Tive sentido para os negócios desde muito nova. Vendia ovos quando tinha seis anos.

E o papá comprava cada um por 200 dólares.


segunda-feira, 8 de abril de 2013

Simplex

Resumidamente, esta é a forma para pôr a economia a mexer, principalmente se o Estado for o primeiro a dar o exemplo.


quinta-feira, 4 de abril de 2013

Suspiro...


Já percebemos, por muitos e vários anos de experiência, que o problema dos nossos governos sempre foi não conseguir cortar o mal pela raiz, não conseguir tratar dos problemas onde eles realmente se podem resolver. 


A economia está má, toda a gente sabe, estamos em crise, também não passa despercebido a ninguém. O melhor que o nosso ministro-adjunto dos assuntos parlamentares se conseguiu lembrar para ajudar os jovens, foi arranjar um embaixador do empreendedorismo jovem, assim uma espécie de personal trainer empresarial. Ora bem, senhor ministro, pode-nos dar o melhor que quiser mas, se não tivermos dinheiro para ir ao ginásio, do que é que nos adianta o treino personalizado? 

Medidas importantes seriam não taxar em cerca de 50% as microempresas, principalmente as que são feitas por jovens que estão a investir em novos projetos e a arriscar numa economia decrescente (sim, esses que decidiram ficar, muito embora o Primeiro Ministro, esse que lhe deu trabalho, tenha pedido para abandonarem o paÍs); e porque não baixar a segurança social de jovens trabalhadores em microempresas que, se o projeto correr mal nem sequer têm direito a subsídio de desemprego, mas se correr bem podem ajudar a economia nacional num empenho desreconhecido?

Senhor ministro, não entre nessa falsidade populista de se esconder atrás dum tipo jovem, que tem muita afinidade consigo porque ganha a vida da mesma forma: a argumentar. 

Pois que lhe fique aqui relembrado que o resto da população portuguesa já está farta de palavras e discursos porque esses, meu caro ministro, não matam nenhum mal pela raiz nem deixam raízes que se possam comer.